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Instituto Gulbenkian de Ciência encontra novas causas para origem do cancro

União inapropriada de pontas de DNA pode criar instabilidade cromossómica que origina a doença​

2012-12-14
Por Sara Pelicano

Uma equipa de investigadores do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) concluiu que o complexo proteico chamado MRN une o DNA nas pontas dos cromossomas, uma união que pode ser prejudicial e potenciar a incidência de cancro.

O investigador Miguel Godinho Ferreira disse ao Ciência Hoje que “na Comunidade Europeia 90 por cento dos cancros aparecem em pessoas acima dos 50 anos”. O aumento da incidência da doença oncológica na velhice pode ser explicada pelo mau funcionamento “dos telómeros, que são as estruturas protectoras que se encontram nas pontas dos cromossomas e que se desgastam com a idade, provocando instabilidade cromossómica que origina o cancro”, adianta o entrevistado.

Este conhecimento já era adquirido. No entanto, Clara Correia Reis, Sílvia Batista e Miguel Godinho Ferreira, todos investigadores do IGC, quiseram saber “qual o papel de um complexo proteico, chamado MRN neste processo de instabilidade cromossómica”, explicou Miguel Godinho Ferreira.

 

O especialista pormenorizou que “a ausência de telómeros é reconhecida pela célula como danos no DNA e a maneira de reparar o ‘dano’ é juntar as pontas num processo chamado ‘non-homologous end joining’. O que, nas pontas dos cromossomas, é uma má ideia. Se tivermos dois cromossomas juntos durante a divisão celular, estes podem quebrar originando mais pontas que juntam outra vez produzindo um ciclo de diversidade cromossómica a que damos o nome de instabilidade genómica. Acreditamos que este processo possa estar na origem do cancro”.

A equipa descobriu que “a função do MRN é como se fosse uma pinça, um tipo de uma molécula com dois braços que une duas pontas de cromossomas, cada braço se une à sua ponta e, como essa molécula possui uma estrutura flexível estilo V o MRN une as duas extremidades dos cromossomas”, disse o investigador.

Se for impedido este processo de junção das pontas do DNA, promovido pelo MRN, possivelmente “vamos impedir a junção dos cromossomas” e consequentemente “evitar a instabilidade cromossómica” que está na origem do cancro.

O trabalho de investigação foi publicado a 14 de Dezembro no Jornal EMBO (Organização Europeia de Biologia Molecular).

Retirado de: Ciência Hoje http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=56474&op=all

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